Beijo de Judas. A terrível experiência de ser traído

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Só quem já recebeu um beijo desses sabe o que significa rejeição, humilhação e infelicidade. Que tal dar a volta por cima, reconquistar a confiança em si mesmo e nos outros?

Poucas pessoas desconhecem a terrível experiência de ser traído por alguém. Um colega de trabalho, um amigo, um amor. Cada um tem seu jeito peculiar de sofrer, de sangrar e de superar a crise. O traído sempre acaba perdendo a confiança nos outros e no seu próprio julgamento. A pessoa se julga culpada por não ter percebido o que se passava a sua volta, se culpa por ter sido tão cego ou tão ingênuo. A quebra da confiança e da lealdade é sempre doída. Quase sempre nos sentimos traídos por quem amamos, naqueles em quem depositamos confiança, a quem respeitamos e que estão acima de qualquer suspeita.

Mary, 47 anos, designer conta que foi perdendo, aos poucos, o encanto pelo noivo. Ele se dizia íntegro, leal, correto e fiel. Mas, não era isso que ela percebia. Todas as noites, por volta das 22 horas, ele ligava para lhe desejar uma boa noite. Enquanto ela dormia, ele ficava até altas horas na internet, certamente, teclando com outras mulheres. Ele sempre jurou de pés juntos que entrava apenas para “espiar” o que rolava nas salas de paquera. No entanto, ela sabia que ele usava a câmera e o messenger para as suas “orgias virtuais”.

Aos poucos se deu conta de que perdera o amor, a admiração, o respeito e o tesão pelo parceiro. Já não sentia mais vontade de beijá-lo e nem de fazer amor com ele. Com o tempo, já nem lamentava mais os quatro anos que passou ao lado dele, porque jura que está muito feliz. Já reencontrou a sua alma gêmea e está reconstruindo a sua vida com um grande amor do passado…

O motivo da traição varia muito. Pode ser por vingança, autoestima baixa ou simplesmente desejo sexual. O especialista Gary Neuman, autor do livro “The Truth About Cheating” (“A verdade sobre a traição”), mostrou um dado interessante. Segundo ele, 92% dos homens que traem fazem isso porque se sentem desvalorizados no casamento.

O sexo masculino é o que mais comete traição, mas o número de mulheres que procuram casos extraconjugais também vem crescendo. Segundo pesquisa divulgada em 2013 pela General Social Survey (GSS), entidade que realiza estudos sobre o comportamento dos norte-americanos, 14,7% das mulheres afirmaram ter casos fora do casamento, ante 11% em 1991.

 

Traição de amigo

Não existe traição sem perda. E é justo na elaboração da perda que passamos a conhecer o choro, ódio, arrependimento, desprezo. Um turbilhão de emoções desencontradas que passam a convergir para o desejo de vingança. Por que justo comigo? Era exatamente esta a pergunta que atormentava a cabeça de Luís Alberto.

Ele soube por meio de um amigo que Henrique tinha uma empresa de Conservação e Limpeza e que, por estar atravessando por dificuldades financeiras, buscava um sócio com um bom capital para alavancar o negócio. Achou a ideia muito interessante e anotou o número do telefone para contatá-lo.

Após o expediente saíram para um happy-hour com os amigos Clayton e Juarez. Na mesa do bar voltaram a falar sobre o assunto.

Na mesma noite, Luís Alberto precisou viajar porque seu pai sofrera um grave acidente de carro. Ficou praticamente um mês fora da cidade. Quando retomou a sua vida normal, ligou todo animado para o Henrique para falar sobre a sociedade.

Ficou pasmo ao ouvir que o seu amigo Juarez, que ouviu a história no happy-hour, tinha se antecipado e fechado o negócio com ele.

Muitas vezes, é possível até consertar a situação. Mas nunca mais será e mesma coisa, pois existiu a ruptura do vínculo. É como querer colar um cristal trincado. O melhor a fazer é enfrentar o outro cara a cara. Abrir o jogo. Repensar valores, os motivos que levaram o traidor a tal atitude. Rever julgamentos. Afinal, ninguém é perfeito e traição existe desde quando Judas traiu Jesus Cristo. Faz parte da vida.

 

Traição na era das redes sociais

É difícil encontrar alguém nos dias de hoje que não esteja no Facebook ou em outras redes sociais. O espaço virtual faz parte de nosso dia a dia. Portanto, virou palco para relacionamentos humanos. De acordo com pesquisa da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), divulgada em 2013, uma em cada dez pessoas admite já ter traído pela rede.

Mas traição, nesse caso, também varia, segundo os entrevistados do estudo. Pode ser desde um bate papo picante, cheio de segundas intenções, e até combinar encontros com amantes ou paqueras. “O Facebook é um potencializador não só de traições, mas de pessoas que querem descobrir traições, investigar. Não é que melhore ou piore as relações, mas amplia e facilita os contatos imediatos e quando a pessoa está buscando algo e encontra disponível, é mais fácil que se concretize”, disse o autor do estudo e doutor em psicologia, Gabriel Artur Marra e Rosa, ao jornal Zero Hora.

 

Reflexão

Costumamos dizer que a pior sequela que a traição traz é a falta de confiança nos outros. Mas, na verdade, a pior de todas é a falta de confiança em nós mesmos. Estamos sempre reclamando dos defeitos dos outros. Esquecemos de olhar para os próprios defeitos. Será que somos “santos” quando traímos a nós mesmos em pensamento ou ação? Se mudássemos um pouco, será que as coisas não teriam outro rumo? Será que as pessoas que amamos não se portariam de outro jeito? Será que teriam motivos para nos magoar?

Que tal fazer um balanço? Você pode descobrir que talvez o melhor a fazer é investir no novo e deixar o que não serve mais para ser enterrado. Deixar que o tempo cure as feridas. Todos nós precisamos de trocas para o crescimento pessoal e profissional. Transformar decepções em crescimento pessoal. É hora de desapegar-se do que não está fazendo bem. De lidar melhor com os afetos. Muitas vezes, é hora de recomeçar, acreditar em si mesmo e ter coragem para mudar. Mudança de dentro para fora. Após um período difícil, vem o prazer da descoberta do novo…

O novo amigo, o novo amor, o novo ambiente, a nova alegria e a esperança da reconstrução. Sem medo de perder. Com medo de perder, não se arrisca. Com medo de morrer, não se vive. Mudança é vida. Mexa-se! Viva e busque ser feliz, sempre!